domingo, 14 de março de 2010

Escolhemos ou somos escolhidos?

Eu e Sílvia iniciamos uma discussão sobre se somos totalmente responsáveis por nossas escolhas ou se somos escolhidos. Sílvia é categórica em afirmar que a responsabilidade é totalmente nossa e que não importa as circunstâncias, nós escolhemos e devemos assumir. Não discordo totalmente do ponto de vista dela, mas acredito que os acontecimentos em nossas vidas, em quase em sua totalidade, ocorrem por seqüências de decisões ao qual somos compelidos por diversos fatores, pré concebidos culturalmente ou por influências mais sutis. Não acredito que exista uma liberdade verdadeira em nossas decisões. Que muitas vezes ao invés de escolher, somos escolhidos sim, e assim decidimos circunstancialmente. Indico neste meu argumento, de que somos levados a decidir, com despreparo, arrogância, ingenuidade e toda sorte de incompetências para avaliar a realidade de forma generosa.
Hoje na fila da Junta do Serviço Militar, onde estava aguardando para tirar 2ª via da reservista, pois preciso dela para emissão do meu novo passaporte, conheci um garoto que estava se alistando, segundo ele, voluntariamente. Ele estava na fila menor, pois estava encaminhando por um tenente, do 2ª batalhão. Me contou um funcionário que o tenente era padrasto do garoto. E que seria bom ele se alistar para o exército pois assim poderia emagrecer, e finalizou com uma pequena risada. A face apática do garoto não me convenceu de sua decisão. Me pergunto se o garoto escolheu ou foi escolhido?
Sílvia, diz que nós somos os únicos e tão somente os responáveis por nossos atos, independente dos fatores ao qual fomos levados a coloca-los em curso. Sim, somos os responsáveis. Produzimos o Karma destas decisões. Mas, é certo que não temos todos os componentes relevantes que compões a realidade que nos cerca. Sempre vemos em partes. Julgamos pelas aparências das coisas e pelos significados culturais que carregamos. E então somos totalmente responsáveis por fatores aprendidos, que reproduzimos feito papagaios. O papagaio é culpado por repetir palavrões? Não, porque é irracional. E se não decidimos como livres pensadores, podemos ser responsabilizados integralmente? Em 1983 o pesquisador Benjamin Libet, registrou as ondas elétricas do cérebro em relação ao movimento do corpo e constatou que a vontade do movimento só se tornam conscientes até UM SEGUNDO depois de o cérebro começar a tomar providências para o movimento. Primeiro se lança a ordem, depois você pensa em se mover. Pensamos realmente em tudo que fazemos ou estamos movidos pela vontade?
Os cientistas ainda continuam imputando ao cérebro a função da emissão da vontade, mas acredito que existem interligações não totalmente demonstráveis que afetam a todos.
Na física quântica existe uma experiência curiosa, ao qual está baseada a idéia teórica de um super computador quântico, que é o entrelaçamento de partículas. Consiste em criar um determinado estado em duas partículas, como se fossem gêmeas idênticas. Mesmo afastando-as por grandes distâncias, quando modificassemos o estado de uma a outra imediatamente se modificaria para manter-se no mesmo estado que sua "particula gêmea". Incrível não? Pois bem, existem interligações que ainda não detectamos facilmente mas podem ser percebidas se observamos da forma correta. Acredito que nossos movimentos na vida são influenciados por ordas de pensamentos coletivos e sensações planetárias que se manifestam como ondas. Parece macarrônico misturar citações científicas com algo tão corriqueiro como tomar decisões, mas estou defendendo de que não somos espontâneos como pensamos. E não somos livres pensadores ao ponto de conseguirmos tomar decisões que possam ser a nos imputada culpas absolutas. Quando compartilhamos significados com uma comunidade ou um povo e estes respiram ódio coletivo por algum motivo, poderemos decidir sem oscilar conjuntamente com esta massa vibrante? Não consigo acreditar que estamos livre totalmente para tomar nossas decisões, mas tentar fazer isso é o que acredito ser o grande objetivo da vida.

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